DO “VIVA, ARGÉLIA” À AQUARELA, BÉLGICA VIRA E ESPANTA ZEBRA AFRICANA

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Mertens vibra muito com o gol da virada marcado na metade final do segundo tempo (Foto: Reuters)

Com apoio da torcida, guerreiros do deserto saem na frente, mas levam gol em bola aérea e no contra-ataque com reservas e brilho de Hazard

A zebra ameaçou sair do deserto e passear pelo Mineirão. A favorita Bélgica, sensação nas eliminatórias, com nomes pomposos e uma geração considerada a melhor da história de seu país, mostrou que a experiência de estrear quase um time inteiro em Copa do Mundo, ainda mais com a banca de grande aposta de muita gente e a euforia belga, não é um peso simples de suportar. Durante boa parte da partida, eles correram atrás dos guerreiros do deserto, que saíram na frente, marcaram duro, mas sofreram a virada no fim. No jogo inaugural do grupo H da Copa, a minoria belga festejou por último e conseguiu – com muito custo – calar os argelinos. Os gols de Fellaini e Mertens, dois reservas, mantiveram a esperança belga de pé. Feghouli, de pênalti, fez o gol dos argelinos, mas também perdeu a bola que gerou o gol da virada.

Com um elenco recheado de destaques em grandes times da Europa, como o paredão do Atlético de Madri, Courtois, o zagueiro Kompany, do Manchester City, e o meia-atacante Hazard, do Chelsea, a Argélia enfrentava um pulmão verde na arquibancada. Com muita festa e cantoria, eles se apoiavam em alguns bons valores da equipe do técnico bósnio Vahid Halilhodzic. O camisa 10 Feghouli e o meia-esquerda Mahrez deram trabalho para a defesa e o meio de campo belga.

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Feghouli marca de pênalti o gol da Argélia que abriu o placar no Mineirão, em Belo Horizonte (Foto: AFP)

Personalidade contra nervosismo

No ritmo de “one, two, three, viva, Algerie!”, os africanos fizeram jus às palavras do seu treinador Vahid Halilhodzic. Antes da partida, o técnico se mostrou quase ofendido com as perguntas sobre o decantado favoritismo belga e até sobre uma derrota por dois gols de diferença. E avisou: teria uma surpresa para cada tempo e tentaria neutralizar a Bélgica de Wilmots.

No primeiro tempo, a novidade foi que a Argélia não esperou a Bélgica em seu campo. Pelo contrário. Na esquerda, de onde saíram as principais jogadas dos africanos, o atacante Mahrez e o lateral Ghoulam levaram vantagem sobre De Bruyne e Alderweireld. Foi daquele lado, com cruzamento de Ghoulam que os belgas foram surpreendidos. A Bélgica conseguia desequilibrar a partida quando Feghouli recebeu cruzamento da esquerda e foi agarrado acintosamente por Vertonghen. Pênalti, categoria de Feghouli, 1 a 0 para a Argélia e muita festa na arquibancada do Mineirão – que recebia mais argelinos, quase todos concentrados no mesmo local do estádio.

A Bélgica bem que tentou ir para cima. Mas simplesmente não encontrou espaços. Firmes, Halliche e o capitão Bouguerra tomavam conta de Lukaku, que ficava isolado na frente e mal conseguia dominar a bola. Hazard, quase sempre contra dois argelinos, só conseguiu levar vantagem no fim da primeira etapa. Ele encontrou Chadli no meio da área, mas o jogador do Tottenham chutou fraco, no meio do gol. Outra boa chance acabou saindo da maneira que a Bélgica arriscou a maioria dos seus oito chutes do primeiro tempo: em batidas de fora da área. Witsel chutou forte, mas sem grande perigo para o goleiro M’Bolhi.

Hazard luta sozinho

Logo no início da segunda etapa, Hazard conseguiu boa arrancada pela ponta direita. Com muita movimentação – e marcação cerrada -, ele era o único que tentava algo diferente. Lukaku foi praticamente nulo em toda a partida. Aos 12 minutos, ele deixou o campo para a entrada de Origi. Chadli, também fraco, saiu para entrar Mertens. Os belgas tentavam se animar e empurrar o time nas arquibancadas, mas os argelinos, dentro e fora do campo, não deixavam que eles se animassem muito.

Feghouli pedalava e prendia bem a bola. E logo voltava direto para marcar. O criticado sistema defensivo de Vahid se sobressaía e ainda permitia que a Argélia tentasse administrar a partida, com toque de bola no meio de campo. Os belgas pareciam perdidos. E a torcida argelina começou a gritar “olé” e gritar “Viva, Argélia” a todo momento.

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Fellaini comemora o seu gol de cabeça junto com a torcida
(Foto: Reuters)

Virada com força do banco

A pressão belga começou a fazer mais efeito na metade final da partida. Primeiro, Origi perdeu um gol incrível, em grande defesa de M’Bolhi. Hazard pegava cada vez mais bolas frente aos marcados argelinos. Mas o caminho do empate foi mesmo por cima. O meia De Bruyne cruzou a bola na área, Fellaini, que entrou no lugar de Dembélé, desviou de cabeça, a bola bateu na trave e entrou: era o empate e o alívio dos belgas.

A festa mudaria de lado e inspiraria até mesmo uma improvisada e desajeitada “Aquarela do Brasil”. O clássico nacional foi entoado pelos belgas quando a Argélia foi traída pela arma com a qual buscava seu segundo gol.

Feghouli reclamou de falta, mas perdeu a bola no campo de ataque. No contragolpe a bola chegou aos pés de Hazard. Com a calma que faltou aos belgas no início do jogo, ele esperou Mertens passar e o atacante do Napoli afundou M´Bolhi virando a partida. Atônitos, os argelinos quase levaram outro gol, novamente na bola aérea, em cabeçada de Witsel. A zebra – e a torcida argelina – finalmente estava controlada. E a Bélgica evitava a decepção de uma geração jovem e que mostra futebol para subir de degrau na elite do futebol mundial.

Fonte: Globoesporte.com

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