Domingos Lamoglia renuncia ao cargo de conselheiro no Tribunal de Contas

Domingos Lamoglia renuncia ao cargo de conselheiro no Tribunal de Contas
Domingos Lamoglia renuncia ao cargo de conselheiro no Tribunal de Contas

Pedido foi enviado ao governador, que vai comunicar à Câmara Legislativa. Domingos Lamoglia foi denunciado ao MPF por suposto envolvimento no mensalão do DEM.

O conselheiro do Tribunal de Contas do Distrito Federal Domingos Lamoglia renunciou à Corte nesta segunda-feira (10). O presidente do tribunal, Renato Rainha, encaminhou o pedido ao governador, que precisa comunicar à Câmara Legislativa.

Lamoglia assumiu o cargo em setembro de 2009, mas foi afastado dois meses depois, após por causa das denúncias da operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. Ele é suspeito de participar do suposto esquema de corrupção conhecido como mensalão do DEM.

Com a decisão, o processo contra Lamoglia, que corre no Superior Tribunal de Justiça (STJ), deve ser parado, porque ele perde o foro especial. O caso deve voltar à estaca zero, na Justiça comum.

Lamoglia era braço direito do então governador José Roberto Arruda e apareceu em um dos vídeos do delator do esquema, Durval Barbosa, recebendo dinheiro. Ele passou os últimos cinco anos em casa, mas recebendo salário mensal de R$ 30 mil.

Em dezembro, o Tribunal de Justiça do DF anulou a nomeação e a posse de Lamoglia e determinou que ele devolvesse tudo que recebeu durante o período de afastamento e arcasse com os custos do processo. A sentença foi assinada pelo juiz Álvaro Dias Ciarlini, da 2ª Vara Pública de Fazenda do DF.

Na ação popular, consta que a parceria entre Lamoglia e Arruda começou na Câmara dos Deputados, passou pelo Senado Federal e resultou na posse de Lamoglia como chefe de gabinete de Arruda, em janeiro de 2007. De acordo com o processo, a posse do conselheiro aconteceu em apenas quatro dias, contados a partir da vacância do cargo.

Nos vídeos divulgados pela Polícia Federal na operação Caixa de Pandora, relativos ao mensalão do DEM, Lamoglia aparecia como o “representante” de Arruda nos supostos pagamentos de valores arrecadados ilegalmente por Durval Barbosa, delator do esquema.

O inquérito que deu origem ao julgamento do esquema de corrupção foi recebido pelo STJ no mesmo dia em que o nome de Lamoglia foi aprovado pela Câmara Legislativa, em sabatina, para assumir o posto no Tribunal de Contas, diz o processo.

Domingos Lamoglia e José Roberto Arruda
Domingos Lamoglia e José Roberto Arruda

Mensalão do DEM

O esquema do mensalão do DEM de Brasília foi descoberto depois que a Polícia Federal deflagrou, em novembro de 2009, a operação Caixa de Pandora, para investigar o envolvimento de deputados distritais, integrantes do governo do Distrito Federal, o então governador José Roberto Arruda e de seu vice, Paulo Octavio (sem partido, ex-DEM). Octavio e Arruda sempre negaram envolvimento com o suposto esquema de propina.

O ex-governador chegou a ser preso, deixou o DEM para não ser expulso e foi cassado pela Justiça Eleitoral. Paulo Octavio renunciou ao cargo para defender-se das acusações.

Durante meses, o DF esteve ameaçado de intervenção federal, devido ao suposto envolvimento de deputados distritais, integrantes do Ministério Público e do Executivo com o esquema denunciado por Durval Barbosa.

Em junho, o então procurador-geral da República, Roberto Gurgel, denunciou ao STJ 37 pessoas suspeitas de envolvimento no mensalão do DEM – Arruda foi apontado pelo MPF como chefe da suposta organização criminosa.

Também fazem parte do rol de denunciados o ex-vice-governador Paulo Octávio, o ex-secretário de Relações Institucionais e delator do esquema, Durval Barbosa, ex-secretários de Estado, deputados distritais e o conselheiro licenciado do Tribunal de Contas do DF Domingos Lamoglia.

Com 180 páginas, a denúncia relata com como operavam os integrantes da suposta organização criminosa. Segundo Gurgel, os operadores do esquema teriam “inovado” ao introduzir na administração pública o “reconhecimento de dívida”.

De acordo com a PGR, um decreto publicado por Arruda teria permitido a realização de pagamentos pelo governo do DF mesmo sem que fosse comprovada a prestação de serviços. O método teria assegurado contratações com dispensa de licitação, principalmente de empresas do setor de informática.

A denúncia da PGR também detalha a partilha do dinheiro desviado dos cofres públicos. Conforme o procurador-geral, Arruda recebia 40% da propina, Paulo Octávio, 30%, e os secretários de estado, 10%. A fatia, porém, variava de acordo com cada contrato, descreveu Gurgel.

Fonte: G1.com

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