Uso excessivo e errado do celular pode causar dor do “Pescoço Tecnológico”

O “pescoço tecnológico” pode elevar a tensão nos ombros, trapézios, e até causar flacidez abaixo do queixo Foto: Getty Images
O “pescoço tecnológico” pode elevar a tensão nos ombros, trapézios, e até causar flacidez abaixo do queixo Foto: Getty Images

Falar com o telefone celular apoiado no ombro e usá-lo na cama são apontados como hábitos ruins

Foram necessários milhões de anos de evolução para o homem largar sua origem primata e aprender a se sustentar com eficiência sobre os dois pés. Pois bastaram algumas décadas de uso intenso da tecnologia para nossa coluna vertebral cuidadosamente moldada enfrentar seu primeiro grande desafio. O principal inimigo está nas mãos de mais de 5 bilhões de pessoas: o smartphone. E os reflexos posturais já chegaram aos consultórios.

“Cerca de 70% das pessoas sofrem de alguma dor de coluna. E o tipo que mais tem crescido é a dor cervical, sobretudo pelo uso excessivo de gadgets”, afirma o ortopedista Luciano Miller, da rede do plano de saúde premium Amil One. De tão comum, o problema ganhou até nome.

É o “pescoço tecnológico”, empregado para descrever a postura curvada comum entre usuários de celular que se debruçam sobre as suas telas, às vezes várias horas por dia.

A explicação para o fenômeno é física. Inclinar o olhar para baixo aumenta os efeitos da gravidade sobre o crânio, sobrecarregando todo o sistema de sustentação formado por músculos e vértebras. Os seis quilos que o corpo precisa equilibrar sobre o pescoço se multiplicam quanto maior for esse ângulo — podem chegar a impressionantes 27 quilos caso a pessoa se curve 60 graus, postura comum entre usuários de telefone.

Com o tempo, os maus hábitos posturais alteram o sistema de pesos e contrapesos da coluna para distribuir melhor os quilos do corpo. A lordose cervical (curvatura natural do pescoço para trás) vai dando lugar à cifose (o abaulamento das costas).

“As queixas mais comuns são dor na região, cefaleia tensional e formigamento nos braços”, enumera o ortopedista: “Isso não acontece em seis meses, é um processo progressivo”.

Como o formato da nossa coluna é estruturado por uma série de músculos, o “pescoço tecnológico” pode elevar a tensão nos ombros, trapézios, e até causar flacidez abaixo do queixo – a temida papada. O estresse é outro fator que tende a agravar esse efeito, já que também costuma causar rigidez muscular justamente nessa região.

Aos poucos, os desvios de postura podem se consolidar, modificando a distância entre os discos que separam as vértebras. Portanto, nada de se entupir de analgésicos por longos períodos e deixar de investigar a origem das dores.

“É muito importante procurar um médico para saber se a causa é mesmo postural e não outro fator, como uma hérnia de disco”.

O tratamento inclui fisioterapia e remédios para dor — em casos extremos, pode-se bloquear o incômodo com injeção de medicamentos na coluna.

Comum nos dias atuais, o hábito de ficar com celular na cama também é prejudicial para a postura Foto: Getty Images
Comum nos dias atuais, o hábito de ficar com celular na cama também é prejudicial para a postura Foto: Getty Images

Para não chegar a esse ponto, especialistas recomendam medidas simples. A primeira é lembrar de elevar o celular à altura dos olhos quando for usar.

“Falar com o telefone apoiado no ombro e a utilização na cama são hábitos muito ruins”, diz Miller.

Fazer pausas entre as sessões de WhatsApp com os amigos também é importante, dica que vale ainda para o trabalho no notebook. Nesses intervalos, vale aproveitar para alongar o pescoço. Por fim, é vital manter os músculos fortes com exercícios como pilates e musculação.

Os abusos da vida conectada não afetam só os adultos. Recentemente, a Organização Mundial da Saúde alertou para os perigos do uso de aparelhos eletrônicos por crianças.

Segundo a instituição, o tempo passado ao celular tem elevado o sedentarismo e a obesidade no mundo. A recomendação da OMS é que o uso diário não passe de uma hora na faixa até os seis anos. Bebês até os 12 meses devem ficar longe dos smartphones.

Fonte: Amil e Época

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