Sem verba para finalizar obras, GDF mantém pontos turísticos fechados

GDF. Poste caído em frente a estacionamento da Torre de TV Digital, no Colorado (Foto: Isabella Formiga/G1)
Poste caído em frente a estacionamento da Torre de TV Digital, no Colorado (Foto: Isabella Formiga/G1)

Torre de TV Digital, Teatro Nacional e Museu de Arte têm obras paradas. Algumas obras tiveram projetos pagos, mas reformas nunca começaram.

No mês em que completa 55 anos, Brasília tem alguns de seus mais importantes pontos turísticos fechados por falta de recursos para finalizar obras iniciadas na gestão passada. A lista inclui a Torre de TV Digital, interditada desde outubro de 2013, e o Teatro Nacional Claudio Santoro, que, fechado há mais de um ano, sequer teve as obras iniciadas por falta de verba. Só com projetos para reformas que sequer foram iniciadas, o GDF gastou R$ 3,4 milhões.

O Museu de Arte de Brasília (MAB) chegou a ter contrato firmado para reforma por R$ 3 milhões, mas, no espaço que deveria ser reinaugurado no mês que vem, há apenas terra revirada e um prédio abandonado. O mesmo acontece com o Espaço Cutural Oscar Niemeyer, cujas obras estão paralisadas e que foi tomado por moradores de rua.

A Secretaria de Cultura informou que por conta da “severa” crise financeira enfrentada pelo GDF, não dispõe de verba para dar inicio ou sequência às obras, mas que estuda parcerias e pretende “regularizar o orçamento” para retomar as reformas e reabrir os pontos turísticos.

Museu de Arte de Brasília (MAB), no Setor de Hotéis e Turismo Norte, com as obras paralisadas (Foto: Isabella Formiga/G1)
Museu de Arte de Brasília (MAB), no Setor de Hotéis e Turismo Norte, com as obras paralisadas (Foto: Isabella Formiga/G1)

Museu de Arte de Brasília

Situado em uma área de 4,8 mil m² às margens do Lago Paranoá, o Museu de Arte de Brasilia (MAB), fica no Setor de Hotéis e Turismo Norte. O espaço, que abrigava centenas de obras de artes visuais modernas e contemporâneas, está com a terra revirada no terreno, vidros quebrados e abandonado. Uma placa anuncia a conclusão da obra para maio de 2015.

O contrato para realização da reforma, ao custo de R$ 3,4 milhões, foi assinado pelo então governador Agnelo Queiroz em setembro de 2014, mas foi suspenso pela nova gestão em março de 2015 para “regularização do orçamento”. A reforma adequaria o museu às normas internacionais, após o espaço ser fechado em 2007 por recomendação do Ministério Público.

Museu de Arte de Brasília (MAB), no Setor de Hotéis e Turismo Norte, com as obras paralisadas (Foto: Isabella Formiga/G1)
Museu de Arte de Brasília (MAB), no Setor de Hotéis e Turismo Norte, com as obras paralisadas (Foto: Isabella Formiga/G1)

Segundo a Secretaria de Cultura, a construtora que ganhou a licitação realizou duas medições no local após a assinatura do contrato: uma ao custo de R$ 134,4 mil e outra de R$ 154,5 mil. A empresa também iniciou os serviços de demolição, retirada de acabamentos e escavações. Como nenhum valor foi pago à construtora, a empresa solicitou a paralisação dos serviços. A secretaria informou que a atual gestão está “empenhada” em saldar as dívidas para retomar as obras, mas ainda não há previsão para o repasse ser feito.

Criado em 1985, o museu reunia centenas de obras de artes da década de 1950 ao ano de 2001. Antes de se tornar centro cultural, o espaço funcionava como uma casarão do samba frequentado pela elite que ajudou a construir Brasília. Com a reforma, o local receberia um café, banheiros, escadas de serviço, área de exposição, área administrativa, dois laboratórios de restauro e uma sala multiuso com 120 lugares para debates e palestras. As instalações elétricas e hidráulicas e adaptações para acessibilidade e entrada de carga seriam refeitas.

Material que seria usado em obras de acessibilidade estão abandonados na Torre de TV Digital (Foto: Isabella Formiga/G1)
Material que seria usado em obras de acessibilidade estão abandonados na Torre de TV Digital (Foto: Isabella Formiga/G1)

Torre de TV Digital

Inaugurada há três anos, a Torre de TV Digital, no Colorado, permaneceu um ano e meio aberta para visitação. Em outubro de 2013, ela foi fechada para reformas de acessibilidade, adequação do sistema de incêndio e drenagem de água pluvial, obras exigidas pela Agefis, pelo Corpo de Bombeiros e pela Defesa Civil.

A Terracap informou que a reforma está sendo executada pelo consórcio que construiu a torre, uma vez que as obras ainda estão dentro do prazo legal de garantia de construção. O consórcio, formado pelas empresas Mendes Júnior e Atrium, informou ao G1 que já cumpriu com as obrigações previstas em contrato e que não tem responsabilidade sobre as pendências que impedem o “pleno funcionamento” do empreendimento.

A reportagem do G1 esteve no local e não encontrou caminhões ou operários trabalhando. No estacionamento da torre há restos de material de construção, como cascalho, areia e peças de cimento, que, segundo o vigilante, estão há meses sem uso. No monte de areia, cresce uma árvore que já chega a 50 centímetros. O mesmo funcionário afirmou que as obras foram suspensas há vários meses e que apenas técnicos que trabalham na instalação de cabos digitais entram na torre.

Questionada, a Terracap informou que mantém “diálogo” com a Novacap, responsável pelas obras, e com o consórcio, para correção emergencial e definitiva do projeto e da execução. A previsão é que, no prazo de seis meses, a torre esteja acessível para visitação.

Enquanto as obras não são concluídas, o acesso para visitantes está fechado por grades. Turistas são impedidos de conhecer o mirante, que tem185 metros de altura, e tiram fotos do estacionamento. Há calçadas inacabadas, mato alto e até um poste jogado na área externa.

Reforma do Espaço Cultural Oscar Niemeyer (Foto: Isabella Formiga/G1)
Reforma do Espaço Cultural Oscar Niemeyer (Foto: Isabella Formiga/G1)

Espaço Cultural Oscar Niemeyer

A reforma do Espaço Oscar Niemeyer estava prevista para custar aproximadamente R$ 1 milhão e foi anunciada pelo então governador Agnelo Queiroz em dezembro de 2013.

A obra, que deveria durar cinco meses, está paralisada. A tinta da estrutura foi removida da parte externa e há sinais de que o serviço foi iniciado – há areia e cascalho ao lado do espaço.

O local, no entanto, está abandonado: há mato em torno do centro cultural e um dos ambientes teve a porta arrombada e está sendo usado como moradia. Há objetos pessoais jogados no chão, como um carrinho usado para catar lixo e um colchão. Além dos vidros sujos, há um vaso sanitário quebrado no espaço.

Projetado em 1988 por Niemeyer, o espaço de 467 m² é parte de um complexo arquitetônico e cultural da Praça dos Três Poderes feito para abrigar, de forma permanente, as principais obras do arquiteto. Maquetes, desenhos, painéis fotográficos, itens audiviosuais e um catálogo digital com projetos compõem o acervo do espaço.

À esquerda, porta arrombada no Espaço Cultural Oscar Niemeyer; à direita, ambiente abandonado (Foto: Isabella Formiga/G1)
À esquerda, porta arrombada no Espaço Cultural Oscar Niemeyer; à direita, ambiente abandonado (Foto: Isabella Formiga/G1)

O anúncio de autorização do processo licitatório foi feito durante encontro entre o governador com a neta do arquiteto, Ana Lúcia Niemeyer, no Palácio do Buriti. As obras abrangeriam a reforma das instalações hidrossanitárias, recuperação do sistema de ar-condicionado e instalação do sistema de combate a incêndio.

A Secretaria de Cultura informou que o espaço cultural é administrado pela Fundação Oscar Niemeyer. O G1 entrou em contato com o instituto, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

Teatro Nacional Claudio Santoro (Foto: Isabella Formiga/G1)
Teatro Nacional Claudio Santoro (Foto: Isabella Formiga/G1)

Teatro Nacional Claudio Santoro

Fechado desde fevereiro de 2014, o Teatro Nacional Claudio Santoro precisa passar por uma reforma orçada em R$ 220 milhões para atender normas de segurança e obter a liberação do Corpo de Bombeiros, da Agefis e do Ministério Público para reabrir.

O teatro foi fechado por recomendação do Ministério Publico, após os bombeiros encontrarem 112 irregularidades em uma vistoria. O teatro começou a ser construído em 1960, foi entregue em 1981 e nunca teve habite-se nem alvará de funcionamento.

A antiga gestão chegou a pagar pela elaboração de um projeto para adaptação do teatro R$ 3,2 milhões, mas a licitação não chegou a ser aberta por falta recursos disponíveis para a execução da obra.

Área interna do Teatro Nacional Claudio Santoro (Foto: Isabella Formiga/G1)
Área interna do Teatro Nacional Claudio Santoro (Foto: Isabella Formiga/G1)

Embora esteja fechado, funcionários de vigilância e manutenção continuam trabalhando na limpeza e segurança do teatro. Na parte externa, no entanto, as escadarias das saídas de emergência se tornaram abrigo para moradores de rua e, além do forte cheiro de urina, há restos de pontas de cigarro e de drogas jogados no chão.

A Secretaria de Cultura informou que estuda uma parceria com o governo federal, o Legislativo e parcerias público-privadas para viabilizar o início da reforma. Também está em estudo a possibilidade de ajustes pontuais para a reabertura do foyer das salas Villa-Lobos e Martins Pena, que estão em melhores condições do que a Sala Villa-Lobos.

Fonte: G1.com

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