A Parte II da Mostra de Cinema Mexicano constitui um recorrido cinematográfico através de oito filmes de produção mexicana que são importantes para entender o desenvolvimento histórico e artístico do cinema mexicano durante um período particularmente turbulento de sua história, que abrange o período de 1976 a 1982.
Com condições técnicas muito limitadas e com temáticas como a homossexualidade, a violência social ou o cinema autoral em sua melhor expressão, os filmes exibidos nesta mostra demostram a capacidade de sobrevivência do cinema mexicano de qualidade, cuja força se mostra notável.
Quinta-feira – 18/06 — 19h00

Os Pedreiros
Jorge Fons, 1976.
Os pedreiros mostra a luta de classes de um lado e de outro (e mais importante) a vida dos imigrantes nas grandes cidades. O vigia de um prédio em construção é morto. A polícia prende os colegas de trabalho, pedreiros que trabalhavam no local. Através de interrogatórios, feitos sempre de forma brutal e desumana, esta obra cinematográfica revela o profundo ressentimento entre os pedreiros, outros trabalhadores e os seus superiores, montando um mosaico de muitas vozes em torno dos profundos abismos sociais que assolam o país.
Sexta-feira – 19/06 – 19h00

O lugar sem limites
Arturo Ripstein, 1977.
Baseado em um livro de José Donoso, um dos mais importantes escritores do chamado “boom literário latino-americano” do século XX. O filme nos transporta a vida da Manuela, homossexual que trabalha e dirige um bordel onde também mora sua filha, e que descobre o retorno de Pancho, um homem com quem teve um conflito ano antes. Apesar do receio que o inspira, La Manuela decide ficar, convidando-o para dançar com ele durante um show em que o dissuade a beijá-lo. A obra apesar de retratar a realidade de 1967, apresenta uma personagem muito a frente do seu tempo de modo que podemos compará-lo exatamente com pessoas que, talvez, conheçamos
Sábado – 20/06 – 18h00

Quartelada
Alberto Isaac, 1976.
Narração de um dos episódios mais sangrentos da história nacional mexicana. Logo após o assassinato do presidente Francisco I. Madero, o senador de Chiapas Belisario Domínguez se atreve a apontar como responsável o general Victoriano Huerta, usurpador do poder. A tensa situação se agrava quando vários grupos de insurgentes se levantam em todo o país. Dissolvido o Senado pela ditadura, Dominguez é assassinado. Essa obra mostra uma parte importante da Revolução Mexicana, “La Decena Trágica”, vista através dos olhos de Belisario Dominguez e insurgentes de Venustiano Carranza, os constitucionalistas. O filme procura mostrar outro lado da moeda totalmente diferente da que conhecemos, ouvimos ou lemos.
Sábado – 20/06 – 19h30

Os indolentes
José Estrada, 1977.
Após o despojo da sua fazenda “La Esperanza” por causa da reforma agrária de Lázaro Cárdenas, a família Alday vive trancada em uma casa que está caindo aos pedaços. O jovem da casa, Rosendo, que vive com sua mãe super-protetora e sua avó, visita a propriedade em ruínas de seu falecido avô para recolher o pouco dinheiro da última colheita. Sua mãe e sua avó se recusam a aceitar que caíram na miséria e nenhum deles está disposto a fazer alguma coisa para recuperar sua antiga propriedade. Tudo muda quando, seduzido por uma costureira, Rosendo decide levá-la para morar com ele, cada fúria de sua mãe. Vitrine da sociedade mexicana o filme é uma dura crítica dos preconceitos dos mexicanos na época
Quinta-feira – 25/06 – 19h00

Cascavel
Raúl Araiza, 1976.
Cascabel é a história de um livre-pensador e intelectual dissidente, Sergio Jimenez, cooptado pelo governo para fazer um documentário sobre a entrega de terras aos habitantes da Selva Lacandona, região habitada pelos maias. O resultado é uma luta de consciência intelectual e seu conceito de verdade e realidade às exigências do mundo oficial do documentário, posto que o roteiro falsifica a realidade. Durante as filmagens das últimas cenas o nascimento de uma criança indígena e uma cobra cascavel se unem em um dramático e intenso final.
Sexta-feira – 26/06 – 19h00

Sob a metralhadora
Felipe Cazals, 1982.
Pedro e uma guerrilha urbana que lidera falham em sua tentativa de assassinar um alto funcionário do governo. Durante sua fuga, Pedro encontra Pablo, um ex-colega do partido, a quem decide raptar para que não os entregue. Esse encontro e outras circunstâncias abrem espaço a uma trama que explora as concepções políticas divergentes, em uma mistura de ação, intriga e realidade da época.
Sábado – 27/06 – 18h00

A casta divina
Julián Pastor, 1976.
Crônica da Guerra de Castas em Yucatan realizada no século XIX, onde a terra e as pessoas foram detidas por fazendeiros que se auto-titulavam “casta divina”. Um dos proprietário de terras adverte aos seus peões sobre chegada à terra dos revolucionários que derrubaram Porfirio Díaz. Enquanto isso, continua exercendo o direito da primeira noite e outros abusos, tanto com os funcionários como com sua própria família, que se desintegra a medida que a luta avança em direção à cidade de Mérida.
Sábado — 27/06 – 19h30

Naufragio
Jaime Humberto Hermosillo, 1977.
Dona Amparo compartilha seu apartamento no bairro de Tlatelolco com Letícia, uma jovem mulher com quem trabalha em um escritório do governo. Vive esperando o retorno de seu filho, que saiu de casa para tornar-se marinheiro com o único intuito de conhecer o mundo, de tal forma que contagia também à companheira de habitação, que começa a sonhar com seu retorno. Amparo sofre um derrame que a deixa paralisada no hospital, no mesmo momento que este infortúnio lhe impacta, seu filho retorna, causando uma grande ruptura na vida de Letícia
Serviço:
Mostra de Cinema Mexicano 2015 – Parte II – Décadas de 1970 e 1980
Data: De 18 a 20 e 25 a 27 de junho
Local: Museu Nacional do Conjunto Cultural da República – Esplanada dos Ministérios
Entrada Franca
Fonte: Embaixada do México