Alemanha leva susto, mas letra de Schürrle abre vitória contra Argélia

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André Schürrle, de letra, abriu a vitória suada da Alemanha sobre a Argélia nas oitavas de final (Foto: Reuters)

Abaixo da média, time sofre bastante e precisa da prorrogação para bater aguerrida Argélia no Beira-Rio e garantir jogaço contra França nas quartas

A Alemanha desconstruiu em 120 minutos qualquer status de favorita suprema ao título da Copa do Mundo. Sofreu além da conta, rendeu calafrios à sua torcida num Beira-Rio em que foi visitante e precisou da prorrogação para se classificar às quartas de final. A vitória sobre a Argélia, por 2 a 1, daquelas loucas e imprevisíveis, nasceu do pé-esquerdo de André Schürrle, numa letra tão desengonçada quanto o futebol apresentado pelo time de Joachim Löw. Continuou com um chute de Mesut Özil depois de o próprio titubear frente ao goleiro M’Bolhi, quase herói da noite. E terminou com Djabou enchendo os argelinos de esperança nos acréscimos.

A Alemanha volta a campo na próxima sexta-feira. Fará um clássico europeu contra a França, às 13h (de Brasília), no Maracanã, num dos duelos mais aguardados do Mundial. Quem vencer enfrentará Brasil ou Colômbia na semifinal do dia 8, no Mineirão. Pesou contra a atuação abaixo da média principalmente a ausência do zagueiro Mats Hummels, gripado. O setor ofensivo, apesar de terminar com quase 30 finalizações, também mereceu críticas, especialmente nos três primeiros quartos do jogo.

Restaram os aplausos de reconhecimento à Argélia – e o choro de Feghouli ainda no gramado. Classificada em segundo no Grupo H depois de vencer a Coreia do Sul no próprio Beira-Rio, a seleção africana ganhou o respeito e a torcida da maioria dos 43.063 presentes. Eliminada, ela voltará ao seu país nesta quarta-feira de cabeça erguida por quase ter se consagrado como outra zebra no Brasil.

Argélia perto do gol

O relógio passava da casa dos 20 minutos. Joachim Löw virou-se para o próprio banco de reservas e resolveu colocar metade dos relacionados no aquecimento. Estava claro que não era um protocolo: a Alemanha, dominada pela Argélia, sentia o perigo no cangote.

Foram alguns bons minutos de apreensão por parte dos alemães. Os africanos, organizados defensivamente e diretos quando conseguiam recuperar alguma bola, criaram as melhores chances – abusaram da ausência de Hummels, pilar da defesa no time de Joachim Löw, gripado. Tiveram, inclusive, um gol corretamente anulado, marcado por Slimani, de cabeça, aos 16.

O camisa 13 argelino, melhor em campo na vitória sobre a Coreia do Sul e no empate com a Rússia, parecia incansável. Puxava a marcação, aguardava uma titubeada sequer dos inconstantes Mertesacker e Boateng para agir, colocou Neuer para dar um carrinho salvador na intermediária. Ele tinha ainda a companhia de Feghouli, o craque do time, e Soudani, de bons passes. Faltou mesmo um gol que o trio de arbitragem brasileiro, comandado por Sandro Meira Ricci, não anulasse.

Alemanha demora, mas reage

A Alemanha, com pinta de toda-poderosa, praticamente não se movimentava, salvo um aguerrido Thomas Müller e outra rara exceção. Também não finalizava, consequência natural de um time que não poderia sequer culpar o calor tão citado na primeira fase no Nordeste. Fazia um frio de quase 10ºC no Beira-Rio, algo próximo do que os alemães estão acostumados. Só foi reagir já no fim, quando Kroos percebeu que o espaço na intermediária permitia a finalização. Numa delas, M’Bolhi deu rebote, mas Götze não aproveitou.

Löw enxergou um time viciado, embolado e que facilitava a marcação dos africanos. Pôs Schürrle, um ponta, no lugar de Götze. Melhorou ao ponto de oferecer ao seu torcedor alguma esperança de bom futebol.

Schürrle, duas vezes, Höwedes e Lahm quase abriram o placar. A Argélia estava reduzida aos contra-ataques e cruzamentos, mas uma ou outra troca de passes foi o suficiente para arrancar gritos de “olé” das arquibancadas. Ainda assim, conseguiu se sustentar – o ímpeto inicial dos alemães diminuiu.

O jogo entrava num tom de marasmo. Mustafi se lesionou e ofereceu a oportunidade de Löw mudar o time. Entre Klose e Khedira, ele optou pelo conservadorismo. Lahm voltou à lateral, sua posição de origem, mas faltava o homem-gol para receber seus cruzamentos.

Lá e cá

A Argélia voltou a gostar da partida. Feghouli, Slimani e Soudani flertaram com o gol do heroísmo e transformaram num lá e cá empolgante. Müller, pela direita, fez linda jogada que terminou com cabeçada de Schweinsteiger para fora. O camisa 13 foi para a área no lance seguinte e obrigou M’Bolhi a operar um milagre. Em seguida, dominou na área e emendou de direita para fora.

O clima era de tensão – mas também de gargalhadas, quando Müller caiu sozinho numa falta ensaiada de frente para área. Neuer, com saídas precisas do gol, quase como um líbero, evitou o pior para a Alemanha. Schweinsteiger, do ouro lado, desperdiçou ótima oportunidade em cabeçada. Era noite de prorrogação.

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Jogadores da Alemanha agradecem a torcida após a partida
(Foto: Getty Images)

Argélia não resiste

Os aplausos ao apito final já indicavam um sentimento de dever cumprido por parte dos africanos. Torcedores de rostos pintados viraram-se para as câmeras tremulando suas bandeiras. O Beira-Rio estava feliz por poder assistir a mais 30 minutos e manter o sonho de ver outra zebra passear pelo Brasil.

Durou pouco mais de um minuto. A Alemanha recuperou a bola rapidamente e em três toques Müller já invadia a área. O cruzamento saiu um pouco atrás do planejado, mas Schürrle, de letra, conseguiu desviar para as redes: 1 a 0 e enorme alívio para os europeus.

Mais leve, a Alemanha manteve o pique. Müller quase ampliou em finalização de fora da área. Khedira, lá atrás deu enorme susto ao furar a bola pós-escanteio – Mostefa aproveitou a sobra e concluiu para fora. No fim, um jogo para pegar fogo: Özil, aos 14 do segundo tempo, ampliou depois de hesitar frente ao goleiro. Djabou, nos acréscimos, aproveitou buraco na área para descontar. Mas não houve tempo para buscar o empate.

Fonte: Globoesporte.com

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