Abdelmassih contava com o suporte de políticos, cartolas e policiais

abdelmassihMinistério Público investiga suposto esquema de lavagem de dinheiro

A vida de luxo levada por Roger Abdelmassih em Assunção, capital do Paraguai, incluía uma mansão em bairro nobre, uma Mercedes e um Kia Carnival, chofer e idas a restaurantes caros. Para justificar tamanha ostentação, o ex-médico argumenta que a mulher, a ex-procuradora da República Larissa Maria Sacco, bancava as despesas da família, que inclui dois filhos pequenos. Para o Ministério Público (MP) de São Paulo, entretanto, o ex-fugitivo procurado pela Interpol se beneficiava de um esquema de lavagem de dinheiro, que incluía repasse de somas altas a empresas de fachada, para não chamar a atenção das autoridades.

Com os recursos, Abdelmassih pôde se manter lá fora. Mas teria contado com o auxílio, segundo o ministro anti-drogas do Paraguai, Luis Alberto Rojas, de gente poderosa. “Ele tem contatos influentes, tanto no Brasil como no Paraguai, muito influentes, desde políticos, policiais corruptos e até dirigentes internacionais do futebol”, disse Rojas, em entrevista à imprensa. De hábitos refinados, Abdelmassih mantinha a discrição, embora não levasse uma vida reclusa. Na escola dos filhos, apresentava-se como Ricardo Galeano. A polícia suspeita de que ele tenha comprado um documento falso.

As informações colhidas a partir da prisão de Abdelmassih ajudarão o MP a entender como funcionava a rede de auxílio que mantinha o ex-médico foragido. Em 2010, o promotor Roberto Lisboa chegou a pedir o bloqueio de bens da mulher de Abdelmassih, mas a Justiça negou. Dessa forma, ela teria ficado livre para constituir empresas fantasmas, cuja finalidade era receber dinheiro repassado por pessoas que estão sendo investigadas, entre elas, parentes e funcionários leais do casal.

O MP começou a coletar indícios mais fortes da presença de Abdelmassih no país vizinho em maio deste ano. Uma denúncia anônima indicava que o ex-médico e a mulher estavam em uma fazenda em Avaré, interior de São Paulo. Não estavam. Mas havia pistas, como documentos, cartas, fotos e bilhetes. O MP passou a monitorar eventuais envolvidos na fuga e manutenção do foragido fora do país, com quebra de sigilo telefônico autorizada pela Justiça. Chegou, então, ao possível paradeiro dele, compartilhando os dados com a Polícia Federal, que trabalhou com instituições paraguaias para fazer a prisão.

 

CorreiBraziliense.com.br

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