Vendedores afirmam que fabricantes estão sem estoque; procura é ‘boa’. Produto tipo ABC será cobrado em 1º de abril; infração é grave e dá multa.
Apesar de ser obrigatório a partir de 1º de abril em todo o país, o extintor de carro tipo ABC está em falta no Distrito Federal, afirmam vendedores do produto. Segundo o proprietário de uma empresa especializada em extintores no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), Edimilson Fernandes, um dos modelos já acabou na loja. Cada unidade, de 1 kg de carga, é vendida por R$ 118 no estabelecimento.
“Dos dois existentes, só tenho um agora. Está em falta no fornecedor, porque só tem umas quatro fábricas para atender o Brasil inteiro. Também não faço lista de espera porque sei que não vou conseguir cumprir. Em janeiro, por exemplo, cheguei a não receber o mês inteiro.”
Mesmo com a escassez do produto no mercado, ele afirma que a procura tem sido “boa”. “Vendo no mínimo uns 50 por semana. O pessoal deixa tudo para a última hora e troca mais porque está vencendo do que por causa da lei e da multa.”
O comerciante de uma loja de autopeças no Riacho Fundo I, Getúlio Ferrão, diz que não consegue comprar o extintor em quantidade suficiente. “Está difícil de achar fornecedor, dizem que para eles também não está chegando. A última vez que pedi foi no início de fevereiro. Agora estou cismado em comprar. Tenho uma lista de 22 pessoas que não me procuraram mais.”
O vendedor ilegal de extintores, Pedro Gonçalves, fica em frente ao Detran no SIA e aproveita a vistoria de carros para vender o produto para motoristas. “Vendo uns 35 por semana, mas não estão ligando muito devido à prorrogação da multa. No final do mês vai vender e acabar rápido. Por ser um ponto bom, era para ser melhor. Enquanto isso está OK, já que a fábrica não dá conta de atender a demanda toda.”
Questionado pelo G1 sobre a venda não autorizada, Gonçalves admite que já foi expulso da área pelo Detran “inúmeras vezes”, mas sempre volta. “É que nem preso que logo está solto. Volta logo. Nesse caso, não estou cometendo crime, estou trabalhando.”
O G1 procurou a Associação Brasileira das Indústrias de Equipamentos contra Incêndio e Cilindros de Alta Pressão (Abiex) para comentar a escassez do produto, mas não conseguiu contato com a entidade.
Extintor ABC
O novo tipo de extintor custa entre R$ 70 e R$ 150 e tem validade de cinco anos. Quem rodar fora das especificações, seja do tipo de equipamento, seja de validade, comete infração grave, sujeito a multa de R$ 127,69, cinco pontos na carteira e retenção do veículo até a regularização.
A punição começaria a valer a partir de 1º de janeiro deste ano, mas, por causa da dificuldade de se encontrar o produto, o Ministério das Cidades, ao qual o Denatran está ligado, decidiu adiar a fiscalização por três meses.
Por obrigação
A secretária executiva Lídia de Oliveira comprou um extintor nesta quarta-feira (4). Ela disse que comprou o equipamento porque o antigo estava vencido, mas afirma que a mudança na lei é válida. “Já estava há muito tempo no meu carro, até vencido. De qualquer maneira, acho que vai ser mais seguro.”
O auxiliar de mecânica Lucimar Ferreira ainda vai trocar o extintor do carro, mas diz que só fará isso por obrigação. “Estou sem dinheiro e acho que é a mesma coisa do outro. Só vou trocar por causa da lei e para não levar multa”.
Perda de vendas
Nem todos os interessados em vender extintores podem fazê-lo. É preciso ser credenciado pelo Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, pagar uma taxa e seguir uma série de medidas de segurança e capacitação específicas.
O gerente de uma autopeças no SIA, que preferiu não se identificar, fala que não conseguiu a autorização e, por isso, perde vendas. “Vêm umas seis pessoas toda semana. Como não tem no mercado e não posso vender, não ligo tanto. Mesmo assim, a gente está perdendo possíveis vendas.”
Vendedor de uma oficina mecânica no Riacho Fundo I, Adeilson de Oliveira corrobora a opinião do gerente. “Já perdi muita venda. Toda semana umas cinco pessoas ou até mais aparecem aqui procurando”.
Fiscalização
O Detran informou, em nota, que seguirá o determinado pelo Denatran e a fiscalização dos novos extintores será realizada em “operações de rotina realizadas pelo órgão, quando são verificados os itens obrigatórios do veículo”.
Fonte: G1.com