Ministério da Fazenda tem prazo para explicar ‘contabilidade criativa’, diz presidente do TCU

Presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes
Presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes.
Foto: Jane de Araújo/Agência Senado

O governo federal deixa de contabilizar um passivo da ordem de R$ 2,3 trilhões relativos a déficits atuariais da Previdência, a demandas judiciais contra a União e à depreciação de seus bens imóveis, advertiu nesta quarta-feira (12) o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes. Ele fez a declaração ao entregar ao presidente do Senado, Renan Calheiros, relatório sobre as obras públicas com irregularidades.

O montante foi identificado na análise das contas do governo de 2013, julgadas este ano. Nardes mencionou a omissão desses passivos ao responder à imprensa sobre a chamada “contabilidade criativa” do governo, que tem permitido que as contas públicas sejam superavitárias.

– Não estão contabilizados R$ 2,3 trilhões. Já alertamos o ministro da Fazenda, a presidente. Já alertamos que precisa ser contabilizado, que é ruim para a imagem do Brasil – declarou o presidente do TCU.

Segundo revelou Nardes, o ministro da Fazenda tem um prazo para explicar e justificar a não contabilização desses recursos relativos à previdência atuarial nas contas públicas.

– Se não for cumprido, poderá haver penalizações pelos gestores responsáveis no Ministério da Fazenda. Essa é uma forma de acabarmos com a contabilidade criativa – disse.

Nardes informou ainda que o processo já está em andamento no tribunal e ressaltou que será garantido pleno espaço para a defesa do ministério, antes de eventuais penalizações.

Boa governança

Na próxima semana, esse e outros dados serão apresentados pelo TCU e os tribunais estaduais de contas em um debate para buscar um “pacto pela boa governança e pela melhoria do planejamento”. Serão enfocados cinco eixos onde o tribunal mais detecta “gargalos”: Previdência, Educação, Saúde, Infraestrutura e Segurança. Uma das intenções do TCU é alertar aos novos governantes que tomarão posse a partir de janeiro sobre o que pode ser feito para melhorar a gestão governamental.

– Estamos propondo esse pacto para a boa governança para tentar minimizar as essa questão da improvisação. Não pode existir mais a improvisação, o jeitinho brasileiro. Se continuarmos tomando decisões baseadas no jeitinho, o Brasil jamais vai se tornar um país líder em nível mundial – avaliou.

Fonte: Agência Senado

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