Dilma diz que não tem medo de eventual delação premiada de Delcídio

Dilma diz que não tem medo de eventual delação premiada de Delcídio - Foto: UOL
Dilma diz que não tem medo de eventual delação premiada de Delcídio – Foto: UOL

Dilma Rousseff disse ter ficado ‘perplexa’ com prisão e negou ter indicado de Cerveró. Presidente concedeu entrevista em Paris, onde participa da COP-21.

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira (30/11) que não tem medo de um eventual acordo de delação premiada a ser assinado pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS), preso na última quarta-feira (25/11) por suspeita de atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato.

Na semana passada, segundo informou o Blog do Camarotti, o Palácio do Planalto foi alertado sobre a possibilidade de Delcídio firmar este tipo de acordo, pelo qual ele deverá se comprometer a dar informações em troca da redução de pena em caso de punição. O senador era líder do governo no Senado, tinha trânsito no Palácio do Planalto e é próximo a lideranças do partido.

“Não tenho nenhum temor sobre a delação do senador Delcídio”, disse Dilma em entrevista coletiva em Paris, onde participa da COP-21, a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas. “Fiquei perplexa [com a prisão] porque jamais esperei que isso pudesse acontecer com o senador”, completou.

Dilma diz que não tem medo de eventual delação premiada de Delcídio - Foto: Novo Jornal
Dilma diz que não tem medo de eventual delação premiada de Delcídio – Foto: Novo Jornal

A presidente destacou que Delcídio foi escolhido líder do governo por ser uma pessoa “bem relacionada”. “O senador Delcídio era de fato uma pessoa bastante bem relacionada no Senado e, aliás, nós o escolhemos porque ele tinha relações com todos os partidos, inclusive com os da oposição”, disse. “Infelizmente, nenhum de nós é insubstituível. Ele foi substituído e as questões relativas ao Congresso vão se dar normalmente.”

A prisão de Delcídio foi feita com base em uma conversa que teve o áudio gravado, na qual o senador oferece pagamento à família do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró para que ele não fechasse acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. Em depoimento a procuradores da República em 19 de novembro, o filho do ex-diretor da estatal, Bernardo Cerveró, informou ter recebido a oferta de receber R$ 50 mil mensais.

Em depoimento à Polícia Federal na quinta-feira (26), após a prisão, Delcídio afirmou que havia sido consultado pela então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, sobre uma possível indicação de Cerveró para a área internacional da estatal. Ele também disse que Dilma já conhecia Cerveró, do período em que ela foi secretária de Minas e Energia no Rio Grande do Sul.

Nesta segunda, Dilma rebateu as informações dadas por Delcídio e negou que tenha feito a indicação de Cerveró. “Eu não indiquei o Nestor Cerveró para a diretoria da Petrobras”, disse. “Eu acredito que o senador Delcídio se equivoca. Ele [Cerveró] não é da minha indicação, não é da minha relação, e isso é público e notório. Ele não foi – antes, nem durante, nem depois – da minha relação”.

A presidente também disse ter insistido para a saída de Cerveró. “Todos os conselheiros que estavam comigo podem atestar que quando detectamos que ele [Cerveró] não tinha dado todos os elementos para nós [no relatório para a compra da refinaria de Pasadena], eu fui uma pessoa que insisti para ele sair.”

André Esteves

A presidente também afirmou não ter relações com o banqueiro André Esteves, presidente do banco BTG Pactual, preso na mesma rodada de atividade da Lava Jato que culminou na detenção de Amaral. “No que se refere ao outro preso, que é o CEO do BTG, eu o conheci muito pouco”, disse. “Não tive, não tenho relações sistematicas com ele (…) Eu o conheci em fóruns. Por exemplo, lembro dele em Davos.”

Segundo a presidente, a prisão de Esteves deve ter algum impacto na economia, mas não em projetos do governo. “Que eu saiba, ele não estava envolvido em projeto de infraestrutura”, disse. “Mas acho que haverá impacto, sim. Sempre terá impacto a prisão de um CEO de um banco tão importante quanto o BTG”, declarou.

Fonte: G1

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